domingo, 3 de julho de 2011

Hipocrisia Educacional

     Como estou fazendo um curso voltado à educação, resolvi expor aqui a minha opinião sobre um questionamento que venho me fazendo nos últimos meses. Na verdade, o que vou escrever é sobre um assunto muito presente no nos jornais, revistas e tantos outros meios de comunicação que, no entanto, uma questão passa despercebida aos nossos olhares.
      Certa vez assisti ao filme Querô, lançado em 2007; não deu tempo de terminá-lo, mas o pouco que vi foi o suficiente para compreender a crítica retratada pelos atores. E me chamou muito a atenção uma cena em relação ao sistema carcerário. No filme, parecia que assistentes sociais visitavam o presídio para investigar a vida dos detentos por lá, os quais fingiam receber atividades recreativas. No fundo, tudo aquilo não passava de uma encenação que só durava o tempo de visita dos assistentes sociais.
      Pois bem. Era justamente esse o ponto que gostaria de chegar. Por que essa história de dizer que “a educação muda as pessoas” parece, em certos casos, uma ilusão ou simplesmente uma frase bonita. Ou uma contradição em que só se vê atitudes incompatíveis a essas idéias, pensamentos e teorias.
      E então eu me pergunto: se a educação muda a vida de um ser humano, porque não torná-la acessível aos detentos? Será que o papel da cadeia é realmente resgatar as pessoas para cumprirem seu papel de cidadãos na sociedade?  Pelo menos esse deveria ser o seu verdadeiro papel.
      E pra início de conversa, em momento algum quero defender os detentos; a postura deles é algo a ser levantado com mais calma e não vem ao caso aqui. Meu objetivo é questionar a função da penitenciária brasileira, que deveria buscar novos mecanismos para lidar com os presidiários.
      A cadeia é vista como um lugar para abrigar ignorantes e desrespeitadores da lei, sem falar dos inocentes presos injustamente; vivem em péssimas condições em poucos metros quadrados, com intolerância de pessoas e tratados como animais... Animais talvez não seja o termo certo, porque existem muitos por aí mais bem tratados do que muito homem! Quero dizer animais no sentido mais desprezível da palavra.
      E então são submetidos a horas sem fazer nada, com a mente vazia, pensando besteira e sem conversas produtivas. Por isso, o papel da cadeia deveria ser oferecer atividades pedagógicas lúdicas e culturais, como leitura, arte, esporte, enfim, qualquer coisa que não se resumisse a celas imundas e ociosas. Algo que ocupasse o tempo deles e os estimulasse ao pensamento crítico e reflexão quanto ao seu comportamento na sociedade.
      Sabemos que muitos ali [na cadeia] são indivíduos sem oportunidades e sem escolaridade. Então, o mínimo que o governo - ou qualquer outro órgão responsável em dar suporte às detenções - deveria fazer é levar educação a essas pessoas. A pena um dia será cumprida e sairão da cadeia em busca de uma vida melhor. Mas sem escolarização? Sem ser alfabetizados, sem ter um curso técnico e tantas exigências do mercado afora, para quando ganharem a tão sonhada "liberdade" serem desprezados? Com certeza, não terão um retorno da sociedade, que os receberá com portas de emprego fechadas, ou por falta de educação e qualificação ou por sua ficha suja. E o final dessa história não é difícil adivinhar: fazem justiça com as próprias mãos, desrespeitam as leis e voltam para a cadeia. É um ciclo quase interminável.
      É claro que isso não é uma regra, mas o resultado na maioria dos casos não é diferente. Mas ainda bem que existem aqueles que lutam para reconstruir suas vidas apesar de tantas dificuldades, uma vez que se tem nome manchado pelo crime. Enquanto a menor parcela faz isso, e os outros, o que fazem?
      Cabe aos governantes decidirem solucionar a situação dos presídios ou continuarem com a problemática briga de “gato e rato” para impor a lei. A educação poderia ser o melhor caminho, mas sem admitir farsas. É algo que não adianta ser fingido; está impregnada nos olhos de quem a tem.

Por: Amanda

 

5 comentários:

  1. Ser feliz é deixar de ser vitima dos problemas e se tornar um autor da propia histórie. É saber falar de si mesmo. É não ter medo dos propios sentimento…
    Fernando Pessoa bjs miguel

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  2. Adorei seu ponto de vista !!!
    e como diria Malcolm X
    "A educação é o passaporte para o futuro, pois o amanhã pertence a quem se prepara para isso hoje".
    Cleverton Luiz...vlw dinhaaa

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  3. Parabéns pelo post, vc é uma pessoa consciente e tem tudo para se tornar uma educadora de excelencia...

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  4. muito lindaa
    Parabéns...
    minha Fatima Bernardes baiana
    te amoo viu

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  5. Gostei do seu post. Agora acho que ainda demora muito resolver esse problema da educação nesse nosso país. A alienação de população e claro a falta de vontade da elite governante em não querer perder o poder. Vamos ter de chiar, espernear muito e gritar para podermos ser ouvidos. Mas pessoas como você e outras estão cônscias de seus direitos e deveres como cidadãos e estão se fazendo ouvir quem sabe um dia...

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